O ser humano deve buscar o aperfeiçoamento
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
O que acontece e que aconteceu sempre em todos os momentos cruciais da história humana, é que o homem não consegue encontrar a si mesmo, e, muito menos, completar sua vida com aquilo que lhe falta. Daí que se tenha chamado o ser humano de ente imperfeito, pois requer aperfeiçoar-se, isto é, chegar a completar-se, pois não é senão um fragmento de uma figura que é necessário terminar.
Uns têm o que a outros falta, e o que a uns falta, outros têm
Isto sucede com todos, sejam ricos ou pobres, bonitos ou feios. Uns têm o que a outros falta, e o que a uns falta, outros têm; e assim sucessivamente. Mas o grande assunto reside em que ninguém quer dar a outro o que tem, porque pretende ser melhor o que tem do que o que lhe falta e o outro tem. É neste verdadeiro labirinto de cotizações dos fragmentos humanos, onde se encontra a maior causa de todas as dissensões e, por sua vez, de onde parte a equivocada posição de todos os seres, sem exceção, que se poderia definir com uma só palavra: incompreensão.
Isto se agrava ainda pelo fato de que os homens, por momentos compreendem uma coisa e, depois, manifestam ignorá-la ou não compreendê-la; e não havendo segurança nas ações ou nos pensamentos, não perdurando o que deve ser permanente, a desconfiança toma corpo e se estende como algo contagioso por todas as partes. Mas há mais ainda: muitos emprestaram ou deram ao semelhante o que a este faltava e a eles sobrava, mas depois, por qualquer circunstância, uma rusga passageira, por exemplo, voltavam a tirá-lo, deixando-o outra vez, se não mais incompleto, pelo menos desprovido dessa peça que lhe era tão necessária. E assim vem caminhando a humanidade: dando e tirando, sem chegar a completar-se nunca.
Não existiu, por certo, palavra alguma que, percorrendo todos os âmbitos do mundo, ensinasse aos homens estas verdades, razão pela qual tem sobrevindo tantas calamidades nele,