O Sentido e o Alcance no Tradicionalismo
E O ALCANCE
SOCIAL
DO
TRADICIONALISMO
JARBAS LIMA
40º Congresso Tradicionalista
(Dom Pedrito, Janeiro de 1995)
PARTE I
VALORES DA TRADIÇÃO GAÚCHA NA PAZ DO PONCHE VERDE
Os 150 anos da Paz do Ponche Verde não poderiam ter melhor celebração do que este magnífico Congresso Tradicionalista, que se realiza em Dom Pedrito, de 5 a 8 de janeiro de 1995.
Foi a Paz de Ponche Verde, a Paz Farroupilha, que consolidou na alma dos gaúchos aquela convicção que constitui hoje a essência do espírito tradicionalista, o sentimento de pertinência a duas pátrias: o Brasil, pátria maior, comunidade das províncias, à qual o Rio Grande se reintegrava depois de 10 anos de luta, com a consciência de que o fazia voluntariamente, cumprindo seu destino histórico: e o Rio Grande, a pátria local, a comunidade regional, construída palmo a palmo com o sacrifício e o sangue dos antepassados, que conquistaram estes campos neutrais expandindo para muito além do Meridiano de Tordesilhas (Laguna, Santa Catarina), a fronteira do antigo Império Português nas Américas.
Só pode entender a formação da sociedade Rio-grandense quam compreende primeiro o conceito de fronteira móvel, em que se escreveu nossa história. Não se tratava, porém, dos confins da civilização, daqueles rendilhados ou franjas de expansão da sociedade colonial portuguesa, marcados pelos ethos bandeirantistas, de discutível sustentação moral. Trata-se, isto sim, da refrega de dois impérios europeus em confronto, na disputa por ambicionadas oposições geopolíticas na América Meridional. Os lideres regionais de então, um misto de militares, políticos e estancieiros, conferiram ao Rio Grande desde cedo uma dimensão de modernidade que era considerada prematura no Brasil. (Bem haverá de recordar estes fatos o observador que verifica hoje a atuação dinâmica dos gaúchos na expansão da fronteira agrícola em quase todos os estados do Brasil numa saudável invasão de espírito tradicionalista que se traduz em pujança e