O sagrado e a ameaça da técnica
Com o avanço da tecnologia e a difusão dos princípios da sociedade consumista neoliberal presentes nestes tempos pós-modernos, a capacidade do homem de prever os acontecimentos se vê enfraquecida diante da proporção que a tecnologia ganhou em virtude de sua expansão e aperfeiçoamento em fazer, criar. É comum ouvir dizer que a cada dia que passa as relações com o Sagrado vão se enfraquecendo e consequentemente caminhando para a exclusão das possibilidades de se poder refletir a cerca da relação preocupante entre as faces do
Sagrado e a insaciável busca por visibilidade e expansão dos meios tecnológicos. Mas por qual razão o sagrado passou a ser ameaçado pela técnica? A técnica em si é maléfica?
O que se constatou no decorrer do pensamento humano, sobretudo, a partir das revoluções industriais, é que a técnica demonstrou-se sem limites, revelando sua autonomia e independência em relação ao Sagrado. Antes se compreendia o mistério como lugar da manifestação do sagrado, hoje a técnica rompeu com essa divisão imaginária, pois para ela não há limites de princípios, tudo pode ser superado. Nos limiares da filosofia e da religião grega os deuses eram tidos como referência e toda realidade estava submissa aos seus desejos. Com o processo de reducionismo, o homem passou a desprezar as realidades, tanto cosmológicas, quanto espirituais, sobretudo, cristãs e assim, a partir do discurso positivista, Deus passou a não ser mais o centro das discussões. No entanto, foi por meio do pensamento do filósofo alemão
Nietzsche e do polêmico anúncio da morte de Deus, que a humanidade pode se ver diante de uma complexa inversão de paradigma: Deus, que na Era Medieval ocupava o centro das mais relevantes reflexões filosóficas, de certa maneira, passa a ser ignorado no discurso da sociedade pós-moderna e o homem passa a ser cultuado e colocado no centro do mundo e das investigações. Nesse âmbito, a técnica conquista