O Rural e Urbano no Brasil
A partir de meados do século XVIII, foram observadas profundas alterações na distribuição espacial da população. O modelo econômico vigente evoluía para um estágio mais eficiente de acumulação de capitais e, com isso, toda a sociedade se reestruturava aos moldes industriais. O advento da indústria imprimiu novas configurações espaciais em várias regiões do globo, com a aparente consumação da separação entre as áreas urbanas e rurais Marx e Weber ressaltam que, pouco antes da disseminação do capitalismo urbanoindustrial pelo mundo, originou-se um conflito entre duas realidades distintas: o urbano, símbolo de incorporação do capitalismo e do progresso da técnica, e o rural, refúgio da aristocracia decadente e de antigas relações e formas de vida. A dicotomia entre rural e urbano procurava representar, portanto, as classes sociais que contribuíram para o aparecimento do capitalismo industrial ou que a ele se opunham na Europa do século XVII e não a um corte geográfico propriamente dito. A indústria fez a cidade explodir e desencadear o processo de urbanização extensiva com a incorporação das periferias mais ou menos distantes pelo tecido urbano. O crescimento das cidades, a industrialização da agricultura e o transbordamento do urbano nas áreas rurais, verificados em vastas regiões do mundo no decorrer do século XX, sugerem que a transição entre os espaços rural e urbano deve ser entendida de acordo com a formulação teórica do espaço continuum. Nessa perspectiva, a polarização antagônica é substituída por um gradiente de variações espaciais. Diante de uma série de problemas encontrados nos grandes núcleos de aglomeração populacional, o “Novo Rural” se apresenta como uma alternativa de ocupação e renda para um grande número de pessoas que sofrem com o desemprego urbano, e mesmo para aqueles trabalhadores inseridos no mercado formal urbano que se encontram pouco dispostos a arcarem com os elevados custos de moradia e transporte presentes nas