o romance mitológico de penélope
Há mulheres no mundo real que são atuais encarnações de Penélope. Sustentam anos a fio relações com pessoas complicadas, psicologicamente comprometidas, que vivem em guerras emocionais contra os próprios monstros internos. Elas esperam o retorno daquele por quem se apaixonaram. Apaixonaram-se pelo que acharam que ele poderia ser, mas frequentemente o potencial dele jamais se realizou. E aí, por uma vida toda, elas esperaram e não alcançaram.
Um exemplo são mulheres que casam com alcoolistas apostando que eles um dia, com a ajuda delas, deixarão de beber. Mas eles nem sempre deixam. O grosso raramente fica gentil. E as Penélopes? Elas esperam. Reclamam, lamuriam-se, mas esperam. Esperam dez, vinte, trinta anos. Muitas esperam a vida toda. Inventam desculpas que justifiquem a sua espera: “Ele não pode viver sem mim, o coitado”, “Ele é doente”.
Eles podem ser doentes, sim, mas elas não são menos! São codependentes. Elas que precisam deles. Precisam de um homem que as faça sentirem-se importantes, sublimes, entidades quase divinas de eterna