O Romance Autobiográfico como Representação Histórica da Nação
Andrea Ferrás Wolwacz
Este trabalho pretende relatar uma análise parcial do romance autobiográfico Lendo no
Escuro por Seamus Deane ambientado na Irlanda do Norte nas décadas 1940 e 1950, a fim de comprovar a existência da cisão entre a história pedagógica, que institui um desenvolvimento político, social e cultural homogêneo, e a historia performática, que representa diferentes interesses no processo de escrever a história da nação.
Para tanto, farei, em primeiro lugar, uma pequena síntese do romance e da biografia de seu autor. A seguir, realizarei uma exposição sobre a autobiografia e a história performática com base nas teorias presentes nas obras Karl J. Weintraub intitulada Autobiografia e
Consciência Histórica e Homi Bhabha intitulada O Local da Cultura. Em terceiro lugar, farei uma pequena analise da história da Irlanda do séc XX e da influência da Igreja no processo de nacionalização e modernização deste país, a fim de podermos entender melhor em que contexto a narrativa se desenrola. Por fim, analisarei o romance como uma obra literária representativa de uma narrativa proveniente da memória histórica vivenciada e da subjetividade. Lendo no Escuro (Reading in the Dark) (1996) é um romance autobiográfico no qual o narrador, um adolescente católico filho da classe operária, cujo nome não é revelado, relembra, trinta anos depois, os acontecimentos na Irlanda do Norte nas décadas 40 e 50. A história é contada sob duas perspectivas. A primeira é narrada como uma coleção de lendas. A segunda é a real: a cidade de Londonderry, um lugar assombrado, por inimigos políticos, segredos familiares, intrigas e o domínio religioso da Igreja Católica.
Seamus Deane nasceu em 1940, em Londonderry. Hoje em dia Deane é Ph.D. em
Estudos Irlandeses e professor na Universidade Notre Dame em Indiana. É crítico, poeta, membro do Field Day Theatre Company, editor chefe do Field Day Anthology