O risco das agências de risco
Em sua coluna no “The New York Times”, o economista Paul Krugman dá um puxão de orelhas naqueles que observaram passivamente o terrorismo que abalou os mercados internacionais nas últimas semanas, alertando para o risco que assombra ostensivamente as bolsas de valores e a soberania dos países que compõem o sistema financeiro mundial, qual seja, a imunidade sacramental das agências de risco.
É bem verdade que ao longo dos anos as agências de rating, criadas a princípio para vender avaliação de dívidas, ganharam credibilidade e musculatura suficientemente respeitável para se transformarem em empresas contratadas pelos países emissores de dívidas para designar à estas um selo de aprovação. Errado? Não. Duvidoso? Bastante, senão vejamos.
Como chama atenção o economista, se os emissores dessas dívidas, sejam empresas ou países, podem escolher entre as várias agências hoje existentes, é razoável pensar que muito provavelmente esses contratantes poderiam, também, retaliar a agência que simplesmente cumprisse seu dever de forma isenta, ameaçando mandá-la para o chuveiro até um próximo campeonato. De que melhor maneira pode-se pavimentar o caminho para a corrupção senão através do poder discricionário?
No decorrer das investigações feitas pelo subcomitê do Senado dos Estados Unidos, descobriu-se, em trocas de e-mails suspeitas entre as agências Moody’s e Standard & Poor’s, distorções suficientes para reconhecer o conchavo nas avaliações dos papéis, para que o mimo concedido aos clientes valesse, em ouro, a manutenção das gordas contas em jogo. Em séculos passados iriam todos para as fogueiras.
Existem, hoje, propostas no Senado americano para impedir o repeteco do descalabro financeiro de 2008.
A primeira delas prevê, pasmem, a possibilidade de que as agências sejam processadas, caso haja, nas palavras de Krugman, “fracasso negligente ou consciente em fazer o que é certo”; ou seja, o lobby é tão poderoso que essas instituições