O retrato de dorian gray
Oscar Wilde, ao escrever o romance “O retrato de Dorian Gray” – único produzido por ele, veladamente estava se colocando através dos personagens que criara. Dorian Gray, personagem central da obra, é um jovem belo e ingênuo que se tornara rico por herança de seu avô. Inocente e puro, mas que se deixara corromper pela influência de amigos, particularmente de Lord Henry, um homem inteligente e irônico ao qual os prazeres mundanos são relevantes. Dorian é retratado por Basil, que se apaixona pelo jovem e ao término de sua obra vê a manifestação da beleza. Esta é admirada e lamentada por Dorian que “entrega sua alma ao diabo” para permanecer jovem e o retrato envelhecer.
Assim se dá a história, todas as ações do jovem, sua vida de luxúria envolvendo-se com homens e mulheres, com jovens que se apaixonam e se suicidam por ele, com rapazes que tem o mesmo fim, são absorvidas pelo retrato que se vai deformando e envelhecendo e revelando todas as atrocidades que vão pela alma do jovem Dorian. Este não suporta se ver exposto tão intimamente, então decide por um fim no seu espelho d’alma. Primeiro mata seu criador, Basil, e em outro momento resolve destruir o retrato e cravalhe uma faca no coração, a mesma com a qual matara o pintor. Wilde criou um movimento estético, o dandismo, que defendia o belo como contraposição aos horrores da sociedade industrial. Envolveu-se com todos os prazeres postos no romance. Foi preso, “acusado” de homossexualismo – que era considerado crime à época e a pena era a forca. Ficou preso por dois anos e isso o destruiu, levando-o à morte. Fora polpado da forca, mas, a sociedade, com todas as suas imposições de valores, à qual ele tanto prezava, o destruiu. E hoje? Consumismo, beleza, riqueza, luxo, luxúria, ostentação, etc. São conceitos? São atributos? Não sei, sei que são efêmeros e que estão destruindo o ser humano: silicone, termogênicos, esteroides, andrógenos, etc. Tira daqui, põe ali. Deixa belo. Deixa