O reflexo no espelho: um olhar sobre a modernidade
Um dos maiores feitos do século XX, contudo, foi a capacidade de o Homem se encarar a si próprio, de se pensar a si próprio. Para isso muito contribuiu a fotografia e, posteriormente, o cinema, a captação de imagens em movimento. A câmera de filmar foi, por isso, uma invenção tremenda.
O Homem da Câmera de Filmar representa esse olhar do Homem sobre a modernidade e sobre si mesmo. Ao mesmo tempo, quebra o tradicional conceito de montagem invisível, tal qual Ford a baptizara, e aposta em elevar o conceito de cinema à plena autonomia de parentes próximos como a Literatura ou o Teatro: para Dziga Vertov, não é imprescindível a conexão literária ou a representação dramática por actores. A imagem, o fotograma, é por si só de uma riqueza incomensurável e a montagem é o motor de um filme, a sua marca estética por excelência. O cinema não deve esconder a câmera e ocultar a mimesis, deve assumir-se enquanto