O RACISMO
Posso classificar a experiência como significativa e essencial para que eu possa compreender e até mesmo me defender das manifestações de racismo e discriminação que afetam diariamente não só a mim, mas a toda população negra do Brasil que enfrenta um alto índice de letalidade, presenciando todos os dias à morte de milhares de jovens negros, além do encarceramento desigual de homens e mulheres negras, situação esta que contribui para aumentar a destruição da imagem negra que já é tão prejudicada e maculada pelo racismo internalizado que atinge grande parte da população do país.
O poema a seguir do poeta baiano Castro Alves, conhecido como “poeta dos escravos” que utilizou suas poesias para combater a escravidão, serve ainda para ilustrar a condição de vida dos negros que nascem e vivem no Brasil. canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra