O queijo e os vermes
A obra escrita por Carlo Ginzburg trata da história de um moleiro do século XVI que morava no Friuli, seu nome era Domenico Scandella mas era conhecido por todos como Menocchio. O moleiro foi preso e condenado pela Santa Inquisição por ter ideias contrárias à Igreja e aos eclesiásticos que a ela pertenciam e tentar difundi-las entre o povo camponês de sua vila, sendo acusado de heresia. Ginzburg se depara com a história de Menocchio por acaso, quando estudava uma seita italiana de curandeiros e bruxos quando se deparou com o julgamento do moleiro que lhe chamou a atenção por ser tão detalhado.
Por ser alfabetizado, o moleiro pôde trabalhar como administrador da Paróquia de Montereale e antes disso havia magistrado as aldeias da região. Menocchio era contra o poder e a pompa dos membros da Igreja e não reconhecia as autoridades da hierarquia católica, afirmava que os sacramentos como o batismo, crisma, casamento e eucaristia eram todos mercadorias, criações humanas que não faziam sentido aos olhos de Deus. Ele tinha ideias revolucionárias e queria denunciar a opressão dos ricos contra os pobres afirmando como exemplo o uso do latim que os pobres não compreendiam e por isso eram enganados.
A teoria principal de Menocchio era de que o universo seria primeiramente um caos onde terra, água, ar e fogo estavam todos misturados e que da mesma forma como o queijo é feito do leite, desse caos havia surgido uma grande massa que seria o mundo e dela surgiam os vermes que eram os anjos e até mesmo Deus e então os humanos, que deveriam obedecer a Deus por ele ser um verme mais sábio e poderoso. O moleiro também afirmava que Jesus havia sido um homem como todos os outros e sendo assim que todos os homens eram filhos de Deus e negava que a morte de Jesus na cruz havia sido para salvar os homens do pecado, pois para se salvar de seus pecados cada um deveria fazer a penitência adequada para o que cometeu, o que sugere que Menocchio havia entrado