O que é ideologia
Marilena Chauí
Inicio nesta introdução um olhar que buscarei mais tarde aprofundar através de uma ótica construída não somente pelos pensamentos gregos, mas também marxistas e modernos em geral, que se inicia pelo pensamento aristotélico, a teoria das quatro causas. Partindo de alguns exemplos A procura da explicação àquilo que sabemos ser comum às preocupações dos filósofos gregos, a matéria, elaborou-se uma teoria que conseguiu, ou tentou, explicar seu conceito. Para os gregos, então, haveria quatro causas do movimento existir: material (matéria que o corpo é constituído), formal (forma que ele adquiriu), causa motriz ou eficiente (a operação para que a matéria tome determinada forma), e a causa final (o motivo ou razão da matéria existir). Além disso, existe entre as causas se estabelece uma clara hierarquia. A causa menos valiosa seria a causa eficiente (operação de fazer a causa material receber a causa formal, ou seja, o fabricar natural ou humano) e a mais valiosa seria a causa final (o motivo ou finalidade de existir de algo). Até então essa teoria metafísica disfarça sua relação ou ao menos não deixa claro o seu motivo de existir. Mas sob um olhar mais aprofundado e sabendo que as sociedades grega e medieval, que comungaram deste mesmo princípios, eram escravagista e baseadas na servidão, conseguimos colocar em uma ótica menos parcial as quatro causas que tentavam explicar os fenômenos naturais e humanos.
Se observarmos o cidadão ou senhor, depreenderemos que eles servem à causa final, ou seja, define o fim ao qual existem as coisas, ordena sua fabricação, enquanto os servos ou escravos serviriam à causa motriz ou eficiente, são o trabalho graças ao qual as coisas vieram a tomar forma. Tem-se, portanto, uma maneira de descrever, explicar, e legitimar a realidade dos momentos, onde na verdade quem legitima e pari esses conceitos são os fenômenos sociais e não vice-versa.
Sabendo que o pensamento científico se