O que é ideologia - marilena chauí
No livro, “O que é Ideologia”, Marilena Chauí parte de alguns exemplos, passa pelo histórico do termo até chegar à concepção marxista de Ideologia. A autora também mostra a concepção que outros pensadores tinham sobre o tema. Umas das maiores preocupações dos filósofos gregos era a explicação do movimento que para eles significava qualquer alteração de uma realidade, seja ela qual for. Com base nisso, Chauí dá início ao livro falando sobre a Teoria Aristotélica das Quatro Causas, elaborada para dar conta do problema do movimento. Segundo a Teoria, as diferentes relações entre as quatro causas – Material, Formal, Motriz ou Eficiente e Final – explicam tudo o que existe, o modo como existe e se altera, e o fim ou motivo para o qual existe. O trabalho era considerado como um elemento secundário, sendo mais importante, para Aristóteles, a causa vinculada à ideia de uso, que depende da vontade de quem ordena a produção de alguma coisa. Na verdade, essa teoria é a transposição involuntária para o plano das ideias de relações sociais muito determinadas. Um dos traços fundamentais da ideologia consiste em tomar as ideias como independentes da realidade histórica e social, de modo a fazer com que tais ideias expliquem aquela realidade, quando na verdade é essa realidade que torna compreensíveis as ideias elaboradas. No mundo moderno, com os trabalhos de Galileu, Francis Bacon e Descartes as quatro causas foram reduzidas apenas a duas: a eficiente e a final. A partir de então, a palavra causa passa a ter o sentido de operação ou ação. A física moderna considera que a Natureza age de modo mecânico, negando, assim, que haja causas finais na mesma. No entanto, é conservada a causa final no campo da metafísica, pois esta se refere a toda ação voluntária e livre. Segundo Descartes, o corpo humano é um “animal máquina”, ou seja, são