O que é felicidade
Tragtenberg e eu fazíamos então nos- sa crítica da tecnoburocracia e das organizações burocráticas, combi- nando conceitos marxistas e weberia- nos, e víamos na autogestão a saída possível. De nós três, que discutía- mos o tema apaixonadamente, foi ele quem aprofundou a análise desse tema. Prestes Motta criticou a hete- rogestão tecnoburocrática – palavra que só tem sentido em oposição à autogestão – de forma incisiva. Diz ele, em certo momento: “Da mesma forma que a heterogestão naturalizou a função diretiva do capital sobre o trabalho, ela agora naturaliza a fun- ção diretiva do saber sobre o não sa- ber” (1981). Na mesma área, publi- cou logo após um pequeno livro, Par- ticipação e co-gestão (1982), em que analisava a possibilidade de a co-ges- tão ser um caminho para a autoges- tão, na medida em que os trabalha- dores ganhassem gradualmente cons- ciência política e competência técni- ca. E concluía, depois de analisar a co-gestão em diversos países, que “a grande oposição que a co-gestão en- controu e encontra entre empregado- res alemães parece já ser um bom in- dício de que, se ela funciona no capi- talismo avançado como uma forma de reprodução do poder do capital, ela também representa uma conquista não desprezível da classe trabalhado- ra” (1982, p.