O que o dinheiro
Apenas duas coisas na vida são inevitáveis: a morte e os impostos.
A idéia central do livro é que existe uma crescente mercantilização de tudo e todos, de órgãos humanos a lugares numa fila a banheiros escolares (onde os tradicionais grafites são substituídos por propaganda). Tudo tem seu preço e isto normalmente é considerado "bom" por conta da eficiência de mercado.
Porém, ao contrário do que a maioria dos economistas acredita, "o mercado deixa sua marca", ou seja, mercantilizar não é um processo neutro. A mercantilização muda seu objeto; muita vez para pior.
Economistas costumam pensar em termos de incentivos e utilidade, e os liberais valorizam as escolhas individuais acima de tudo.
Mas quais os limites para isso? Que tipo de sociedade desejamos criar? A mercantilização de quase todas as esferas da vida em sociedade é moralmente neutra, como alegam os economistas, ou corrompe normas e valores caros a todos?
São as perguntas que Sandel procura responder no livro.
Diz Sandel: Hoje, a lógica da compra e venda não se aplica mais apenas a bens materiais: governa crescentemente a vida como um todo. Está na hora de perguntarmos se queremos viver assim.
Sandel pretende trazer de volta o aspecto moral para o debate público. Se tudo está à venda, então valores morais serão corroídos. Se os votos podem ser livremente negociados, por exemplo, a cidadania é corrompida. Se pais podem negociar a tutela dos filhos, então a paternidade é corrompida. O mercado não seria neutro ou amoral, nesse aspecto; ao permitir seu funcionamento em certos campos, ele acabaria corrompendo valores que deveríamos enaltecer. Ele explica:
Os economistas muitas vezes partem do pressuposto de que os mercados não afetam nem comprometem os bens que regulam. Mas não é verdade. Os mercados deixam sua marca nas normas sociais. Muitas vezes, os incentivos de mercado corroem ou sobrepujam os incentivos que não obedecem à lógica do mercado.
Há