O que podemos pensar por Filosofia
(Referência fundamental: Texto Para que Filosofia — Introdução do livro Convite à Filosofia de Marilena Chaui, Editora Ática, 13ª edição, 2009)
As nossas crenças do dia a dia.
Quando alguém diz “onde há fumaça, há fogo” ou “não coma muito senão você irá passar mal”, mostra que acredita que existem relações de causa e efeito entre as coisas, que onde houver uma coisa certamente há uma causa para ela, algo que é responsável pelo seu aparecimento e que muitas vezes podemos conhecer.
Quando pergunto “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, acredito que o tempo existe, que ele passa e pode ser medido em horas e dias. Quando avaliamos que uma casa é mais bonita que a outra, ou que Maria está mais jovem que Joana, acreditamos que as coisas, as pessoas e os fatos podem ser comparados e avaliados. Julgamos, nas nossas comparações, que a quantidade (mais, menos, maior, menor) e a qualidade (bonito, feio, bom, ruim) existem, que podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida.
Nas brigas, quando alguém chama o outro de mentiroso porque não estaria dizendo como os fatos realmente aconteceram, está presente a nossa crença de que há diferença entre verdade e mentira. A primeira diz as coisas tais como são, enquanto que a segunda faz exatamente o contrário, distorcendo a realidade.
Como se pode notar, nossa vida cotidiana é feita de crenças (muitas vezes silenciosas, que guardamos no nosso interior) e da aceitação de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias.
A atitude filosófica. Imaginemos agora alguém que tomasse a decisão de começar a fazer algumas perguntas inesperadas. Além de perguntar “que horas são?” ou “que dia é hoje”, perguntasse O que é o tempo? Pode ser ele realmente medido como medimos as coisas na matemática? Além de perguntar “esta casa é mais bonita que a outra?, perguntasse O que é realmente o belo? Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse: O que é a verdade? Quando existe