O que permanece e o que foi ultrapassado na herança colonial do Brasil: uma análise de "O Sentido da Colonização" de Caio Prado
Uma análise da obra O Sentido da Colonização, de Caio Prado
Acredito que uma das coisas mais visíveis, relacionadas à herança colonial, seria a questão agrária. Caio Prado, autor de Formação do Brasil Contemporâneo, no capítulo O Sentido da Colonização, fala sobre a questão da adaptação dos europeus no território latino americano e o fato da população portuguesa ser insuficiente para ocupar o território da nova colônia. Esse fato, faz com que a terra seja dividida, possibilitando a ocupação parcial da colônia, considerando o baixo contingente. As consequências disso são as terras, desde cedo, estarem concentradas nas mãos de uma minoria. Fora isso, ainda há o fato do trabalho ser mal visto, inferiorizando quem o realiza. Mesmo após a escravidão, a lógica da posse da terra e do trabalho permaneceu a mesma, já que com o fim da escravatura, a mão-de-obra escrava foi substituída pela mão-de-obra assalariada (na maior parte das vezes, negros livres ocupando posições degradantes). A organização política e social foi mantida: uma elite branca ocupando posições favoráveis em detrimento de uma grande massa populacional ocupando posições marginais. O poder atrelado à posse da terra, permaneceu nas mãos de uma minoria, disposta a manter seus interesses. Um ponto a ser observado é que esse modelo de ocupação na colônia fortaleceu as oligarquias rurais, considerando tanto a questão econômica, quanto política e social. O poder econômico, tradicionalmente herdado e mantido, possibilitou a manutenção de uma lógica política e social, vide o escasso acesso à educação das camadas mais pobres, a fragilidade dos direitos políticos, a ausência de garantias sociais, etc.
Penso que essa lógica, o poder da posse de terras intrinsecamente ligado a política é facilmente identificada nos dias atuais, basta observar as famílias tradicionais de alguns estados brasileiros. A família Collor, tradicional no cenário