O que fazer arqueologia
Ao propor a ideia de arqueologia, Foucault buscou analisar a história do pensamento, dos conhecimentos, da filosofia, da literatura no intuito de romper e buscar todas as perturbações da continuidade da história simples e fixa. Nesse sentido, ele procura afastar-se da história tradicional na qual transforma monumentos do passado em documentos onde decifram rastros deixados pelos homens – onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido uma massa de elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjunto. Por esse ângulo, a arqueologia seria uma disciplina na qual procurava achar sentido pelo restabelecimento de um discurso histórico, ou seja, para descrição intrínseca do monumento. Vista como elemento construtor de “realidade histórica” há várias consequências: multiplicação das rupturas na história das ideias, exposição dos períodos longos na história propriamente dita – atribui a tarefa de definir relações (causalidade simples, de determinação circular, de antagonismo, de expressão) entre fatos ou acontecimentos datados. Outro aspecto importante desse modo de arqueologia é a noção de descontinuidade – dispersão temporal que o historiador se encarregava de suprimir da história: uma operação deliberada do historiador, os métodos que são adequados a cada um e as periodizações que lhes convém. Por fim, a terceira consequência desse tipo de arqueologia supramencionada, refere-se ao tema e a possibilidade de uma história global (procura reconstruir a forma de uma sociedade, a significação comum a todos os fenômenos de um período, a lei que explica sua coesão – define uma época). Foucault afirma que este tipo de projeto está ligado à ideia de que todo acontecimento de uma área espaço-temporal será possível estabelecer um sistema de relações homogêneas e, também, que a própria história possa ser articulada em grandes unidades – estágios e fases – que