O que está em jogo na questão das identidades
O que está em jogo na questão das identidades?
Até aqui os argumentos parecem bastante abstratos. Para dar alguma idéia de como eles se aplicam a uma situação concreta e do que está “ em jogo” nessas contestadas definições de identidade e mudança, vamos tomar um exemplo que ilustra as conseqüências políticas da fragmentação ou “pluralização” de identidades.
Em 1991, o então presidente americano, Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora na Suprema Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juiz negro de visões políticas conservadoras.
No Julgamento de Bush, os eleitores brancos ( que podiam ter preconceitos em relação a um juiz negro) provavelmente apoiaram Thomas porque ele era conservador em termos da legislação de igualdade de direitos, e os eleitores negros( que apóiam políticas liberais em questões de raça) apóiam Thomas porque ele era negro. Em síntese, o presidente estava “ jogando o jogo das identidades”.
Durante as “ audiências” em torno da indicação, no Senado, o juiz Thomas foi acusado de assedio sexual por uma mulher negra, Anita Hill, uma ex-colega de Thomas. As audiências causaram um escândalo público e polarizaram a sociedade americana. Alguns negros apoiaram Thomas, baseados na questão da raça: outros se opuseram a ele, tomando como base a questão sexual. As mulheres negras estavam divididas, dependendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ou sua identidade como mulher. Os homens negros também estavam divididos, dependendo de qual fator prevalecia: seu sexismo ou seu liberalismo. Os homens brancos estavam divididos, dependendo, não apenas de sua política, mas da forma como eles se identificavam com respeito ao racismo e ao sexismo. As mulheres conservadoras brancas apoiavam Thomas, não apenas com base em sua inclinação política, mas também por causa de