O Púcaro Búgaro de Campos de Carvalho
1231 palavras
5 páginas
O Púcaro BúlgaroO livro “O Púcaro Búlgaro” de Campos de Carvalho foi publicado o ano de 1964. Considerado um romance surrealista, conta a história de uma expedição para a Bulgária, com o propósito de provar sua existência ou inexistência.
Campos de Carvalho foi considerado fora do seu tempo pois trazia em sua obra traços inovadores. Inclusive há um comentário no seu livro que parece responder essas críticas: “Não sou eu que ando um pouco fora de época: é a época” (CARVALHO, 1995, p. 326).
Aos estudarmos o texto da Flora Süssekind vemos que Campos de Carvalho transcende o que é descrito como Literatura dessa época reinada pela ditadura. “O Púcaro Búlgaro” é um romance delirante que trancende o sentido para se fazer sentido.
A primeira coisa que me chamou atenção na leitura foi o fato dele se chamar “O Púcaro Búlgaro” e, no entanto, dentro dele, após os primeiros três capítulos (“Explicação Necessária”, “Os Prolegômenos” e “Explicação Desnecessária”) haver um outro livro: “Livro de Horas e Desoras ou Diário da Famosa Espedição ‘Tohu-Bohu’Ao Fabuloso Reino da Bulgária”. E nos primeiros três capítulos, que ainda não são esse segundo livro, não sabemos quem fala, só sabemos que se refere ao personagem principal como “o autor” que é quem narra o segundo livro. Ter um livro dentro de um livro e um autor dentro de um autor é inovador.
Falando de inovação não podemos esquecer de mencionar o jogo de palavras que permeia todo o livro. Como exemplo podemos citar o início do segundo livro:
“O vento fustiga as velas, corre-me pela nuca e pelos cabelos, e volta para o mar alto. Aqui em cima, no alto da Gávea, as estrelas cintilam mais perto: houvesse lua e eu talvez nela pudesse banhar as mãos de luz, no seu bacio de cristal” (CARVALHO, 1995, p. 318). Nessa passagem conseguimos começar visualizando-o num barco, o que faz muito sentido se pensarmos que o livro é sobre uma expedição e é escrito em forma de diário, que lembra um diário de bordo. No entanto, no início do