O psicologo na UTI
Eliane Caldas do Nascimento Oliveira*
Hospital Central do Exército
RESUMO
O texto visa a investigar a constituição de noções de saúde, vida e morte por meio das práticas nas Unidades de Tratamento Intensivo, a partir da presença de um psicólogo. Como fundamentação teórica para reflexão, foram utilizadas referências da Antropologia, História e Psicanálise. A partir das observações e das experiências dos médicos, psicólogos e pacientes, verificou-se uma série de significações e saberes articulados na constituição das práticas para se manterem vivos os pacientes nas UTIs. As situações limite nessas unidades imprimem uma marca em quem ali passa, percebendo-se uma subjetividade vivida pelos indivíduos em suas experiências particulares.
As idéias apresentadas neste ensaio são frutos da dissertação de Mestrado em Psicologia e Práticas Sócioculturais, realizada no período de 1995-1998 (Oliveira, 1998). Certamente, marcadas por outras críticas, reflexões, encontros e desencontros.
Algumas noções escapam à ciência: beleza, compaixão, dor, por exemplo. As teorias científicas quase nada podem esclarecer a respeito delas. E sobre vida, saúde e morte, será possível falar cientificamente?
O que é viver? O que é sobreviver? O que é viver após passar em uma Unidade de Tratamento Intensivo (de agora em diante UTI), por uma situação limite, entre a vida e a morte? Aqui, o campo delimitado para se pensar nessas questões será o da saúde, porque foi observando e participando das práticas intensivistas1 que as perguntas surgiram.
Estudar singularidade e subjetividade frente à saúde, colocando em jogo a capacidade humana de enfrentar ameaças, é tarefa difícil. Antes, é preciso admitir a possibilidade de objetivar a singularidade e a subjetividade. Quando assim se faz, há problemas a enfrentar. O primeiro é definir singularidade.
Para se buscar tal definição, voltar-se-á às práticas intensivistas. Na UTI tudo é