O pré- urbanismo
O rápido crescimento das cidades, no século XIX, contemporâneo à revolução industrial, gerou tanto modificações no espaço urbano quanto reflexões sobre esse fenômeno. O estudo da cidade assume dois aspectos nesse momento do pré-urbanismo: o descritivo, que tenta ordenar quantitativamente os dados, e o polêmico. Esse último teve inspiração humanística ao denunciar as condições de vida dos proletários, contribuindo, assim, para gerar toda uma legislação voltada para o trabalho e para a habitação. Mas os polemistas constituem-se, também, de pensadores políticos, e sua crítica inclui as questões da exploração e alienação do trabalhador, associadas à nova ordem industrial.4 (CHOAY, 1998, p. 6).
O modelo culturalista
Esse modelo prioriza o agrupamento humano, em detrimento do indivíduo. O ponto de partida crítico é o desaparecimento da antiga unidade orgânica da cidade. A chave ideológica não é, como no modelo anterior, a ideia de progresso, mas a de cultura. Assim, o planejamento da cidade será menos rigoroso. Entretanto, a cidade deve ser circunscrita em limites precisos, que estabeleçam contraste com a natureza, e ter dimensões modestas.
No culturalismo, o estético ocupa o lugar que a higiene ocupava no outro modelo. A irregularidade e a assimetria são valorizadas enquanto marcas de organicidade, essa última identificada com a potência geradora da vida. Trata-se de uma estética ligada à tradição, que não propõe padrões ou modelos. A edificação valorizada é aquela de uso cultural e o clima da cidade é propriamente urbano. Do ponto de vista econômico, porém, a cidade culturalista é anti-industrial e a produção privilegia a relação harmoniosa entre os indivíduos, ao invés do rendimento. Entretanto, esse modelo é tão estanque quanto o progressista, pois também não considera as transformações próprias à temporalidade: propõe uma cidade que não se transforma no tempo. Nesse aspecto, também se aproxima da utopia.
O urbanismo