O projeto de naturalização da epistemologia de willard v. o. quine
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Filosofia
O Projeto de Naturalização da Epistemologia de Willard V. O. Quine
Adriano Rodrigues Correia
Resumo: Discute-se aqui o projeto de naturalização da epistemologia proposto por Quine tendo como referência os seguintes pontos: (1) A crítica a analiticidade (enunciados a priori) levada a cabo em Dois Dogmas do Empirismo, mostrando as implicações desta no programa quineano. (2) A partir de Epistemologia Naturalizada, tratamos da redução da epistemologia a psicologia, ressaltando o abandono do caráter normativo bem como a nova tarefa da epistemologia. (3) Apresenta-se a objeção ao projeto quineano proveniente do desafio cético proposto por Stroud.
Os dois dogmas do empirismo lógico denunciados por Quine são, a saber, a distinção entre enunciados analíticos e sintéticos e o reducionismo conceitual e doutrinal. É interessante que Wittgenstein tenha, no Tractatus, declarado que “Toda a moderna visão do mundo está fundada na ilusão de que as chamadas leis naturais sejam as explicações dos fenômenos naturais. Assim, detêm-se diante das leis naturais como diante de algo intocável [...]” (Cf., TLP, 6.371 - 6.372, p. 273). A pretensão de Quine é, precisamente, mostrar que longe de serem intocáveis, nossas “[...] crenças, das mais casuais questões de geografia e história, às mais profundas leis da física atômica ou mesmo da matemática pura e da lógica, é uma construção humana que está em contato com a experiência [...]” e, portanto, “nenhum enunciado é imune a revisão” (Cf., DD, p. 252). Estabelecer uma epistemologia comprometida com a comprovação empirica passa pelo promover o “esfumar-se da suposta fronteira entre a metafísica especulativa e a ciência natural” (Cf., DD, p. 237), tornando explicito o caráter insatisfatório da analiticidade. A crítica de Quine a analiticidade põe em xeque a possibilidade do conhecimento a priori e, por conseqüência, questiona a