O profeta e seu evangelho
Apresentação
Francisco, “Homo Totus Evangelicus”
O Profeta e Seu Evangelho
O Evangelho como ponto de partida
A Mensagem Central da Bíblia
O adubo que faz crescer a semente da Bíblia
A Bíblia foi escrita em três línguas
Francisco e o estudo acadêmico
Os dez mandamentos para ler a Bíblia
DOCUMENTOS
Bento XVI apresenta São Jerônimo
Capítulo Geral: “Portadores do Evangelho”
Sínodo dos Bispos (2010) sobre a Palavra de Deus
Por N.G. Van Doornik
Francisco teve com o Evangelho uma intimidade difícil de se compreender. Amava o Evangelho, mas ele não teria sido Francisco, se seu amor não tivesse desejado possuir o próprio livro.
A magnífica Bíblia da Idade Média, com os maravilhosos textos desenhados em elegantes letras, tinha para ele algo de sagrado. Já foi, de per si, um rito religioso, quando ele, com seus dois companheiros, entrou na pequena igreja de São Nicolau e lá abriu o livro sobre o altar. Manifesta-se aqui uma forma de respeito que, em nosso tempo, impregnado de obras tipográficas, se tomou impossível: o respeito pela palavra manuscrita.
Com isso, adquirem um sentido mais profundo certas ações aparentemente mágicas. Nas cartas que ditava, não permitia Francisco que se riscasse uma letra, mesmo que fosse um erro de ortografia. Recolhia com o mesmo respeito qualquer pedacinho de pergaminho que encontrava no chão.
Perguntaram-lhe, certa vez, por que tinha tanto cuidado até mesmo com obras de autores pagãos. A resposta tem um quê de surpreendente: “Porque nelas se encontram as letras que compõem o glorioso nome do Senhor”. Por umas cinco vezes insiste ele, em suas cartas, em que se devem guardar respeitosamente as palavras do Evangelho, onde quer que sejam encontradas.
Francisco sentia o alcance psicológico desse simbolismo. “Devemos cuidar de tudo que encerra Sua Palavra sagrada. Assim ficamos profundamente compenetrados da sublimidade do nosso Criador e de nossa dependência em relação a Ele”, escreverá mais tarde ao