O processo de trabalho em Saúde da Família
Essa situação tem sido observada cotidianamente nas instituições de saúde do Brasil, revelando-se através da insatisfação e insegurança dos usu-ários com o tipo de assistência prestada e, também, com a forma como os profissionais de saúde operaram os serviços, remetendo-nos a refletir sobre a necessidade de mudança no processo de trabalho em saúde.
Tal processo de trabalho compartilha características comuns a outros que se dão na indústria e em outros setores da economia, ou seja, em todos eles existe uma divisão social e técnica do trabalho. Entretanto, na saúde, essa divisão compreende três dimensões: a formativa; a de gestão e gerên-cia dos serviços; e a de produção dos serviços, na qual se operam as ações promocionais, preventivas e curativas sobre a dor, o sofrimento e as de-mandas de saúde da população. Pretende-se aqui fazer algumas conside-rações acerca do processo de trabalho na produção dos serviços.
Para alguns, o objeto do trabalho em saúde é a cura ou a promoção e a proteção da saúde. No entanto compartilhamos da idéia de que o objeto é a produção do cuidado, através da qual poderão ser atingidas a cura e a saúde. Para Merhy (1995), esse processo está fundado numa intensa rela-ção interpessoal, dependente de vínculo entre os envolvidos, para a eficácia do ato. Pela sua natureza dialógica e dependente, constitui-se também num processo de ensino-aprendizagem. É um serviço que se realiza com base numa intersecção partilhada entre o usuário e o profissional, onde o primei-ro deve ser visto também como sujeito, e não como objeto desse processo. Torna-se, assim, um co-partícipe do processo de trabalho e,