O Problema Do Mal Em Bo Cio
Boécio (Anicius Manlius Torquatus Severinus Boetius) nasceu em Roma por volta de 480 d.C, logo após o fim do Império Romano do Ocidente, e morreu em 524 d.C. Membro de uma poderosa família romana de senadores, perdeu seu pai ainda criança e foi adotado pelo cônsul Símaco, com cuja filha se casou. Tornou-se cônsul em 510 e viu seus dois filhos tornarem-se cônsules em 522. As invasões externas, principalmente no Império do Ocidente, e as disputas teológicas, pricipalmente no Oriente, marcaram o conturbado século V. As disputas teológicas giravam em torno da natureza de Jesus Cristo, se humana ou divina, e se Maria, sua mãe, deveria ser considerada Mãe de Deus. Nestório, bispo de Constantinopla, sustentava que Maria não poderia se tida como Mãe de Deus. Já Cirilo, bispo de Alexandria, afirmava a condição de Maria de Mãe de Deus, face a natureza divina de Jesus Cristo. O concílio de Éfeso, em 431, acabou por condenar Nestório, afirmando que Cristo, uma única pessoa, possuía duas naturezas distintas, uma humana, outra divina. O concílio, porém, não agradou a alguns alexandrinos que defediam o monofisismo, uma doutrina que pregava que Cristo possuía apenas uma natureza divina. A doutrina da natureza dupla foi reafirmada no concílio de Calcedônia, em 451, que instituiu a regra ortodoxa de que Jesus seria verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Em 476, Odoacro, um comandante bárbaro, expulsa o último imperador ocioso do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augustulo, tomando oficialmente o poder. Convertida, a partir daí, numa província gótica, pelos cinqüenta anos seguintes, a Itália é governada por Reis, que embora Cristãos, não dão importância aos acirrados debates cristológicos, assentindo numa forma de cristianismo, o arianismo, uma doutrina que negava que Jesus compartilhava a mesma essência ou substância com Deus. No governo do rei gótico Teodorico, instaura-se um regime de tolerância no qual arianos,