O Problema de Pesquisa Braga
(José Luiz Braga)
Fazer uma pesquisa solicita uma diversidade de reflexões e gestos, mais ou menos complexos. É por isso que não vamos diretamente “a campo” para investigar – fazemos antes um cuidadoso planejamento da pesquisa. Esse planejamento se expressa no que se costuma chamar de um “projeto de pesquisa”.
Como o projeto vai se desenvolvendo ao longo do próprio trabalho de investigação (não paramos nunca de planejar), podemos chamar as fases iniciais de “pré-projeto” – ou, mais inicialmente ainda, de uma “proposta de pesquisa”. Esse jargão não precisa ser rigoroso, são apenas hábitos localizados, mas vamos ficar com a idéia de que uma “proposta” é uma espécie de primeiro passo no planejamento da pesquisa. articularmente o planejamento inicial – a proposta. * * *
Quero assinalar a particular centralidade, nesse planejamento, do problema de pesquisa. O historiador Lucien Febvre afirma: “sem pergunta não há pesquisa”. O que é bem razoável: só pesquisamos porque temos dúvidas a respeito de alguma questão da realidade. É lógico portanto que as dúvidas que temos (e que serão expressas no problema da pesquisa a realizar) devem comandar todo o trabalho de investigação – da busca das teorias e conceitos relevantes à observação da realidade (coleta de dados), ao tratamento desses dados e às conclusões ou inferências – que correspondem ao conhecimento desenvolvido a partir do problema que nos moveu a investigar.
Problema x Hipótese de Pesquisa
Geralmente os manuais de metodologia de pesquisa enfatizam como ponto de partida para investigação a “hipótese de pesquisa”. Não é errado afirmar isto, mas infelizmente é uma meia-verdade, por isso mesmo levando a equívocos.
É razoável dizer que uma pesquisa se caracteriza como “um trabalho de investigação para confirmar ou infirmar uma hipótese”. Essa descrição simplificadora esquece, entretanto, as seguintes ressalvas, que deveriam sempre ser feitas:
- hipóteses relevantes geralmente