O Princípio Responsabilidade
Luis Fernando dos Santos Souza
Resumo: Este texto tem como objetivo apresentar e discutir a nova dimensão da responsabilidade no agir moral tal como esboçada por Hans Jonas em seu livro O Princípio Responsabilidade de 1979 diante dos novos desafios trazidos pela técnica moderna. Tal técnica, cujos avanços extraordinários constatamos diariamente, trouxe consigo um potencial de destruição tão devastador que necessita de uma nova ética que regule as ações humanas sob essa nova conjuntura. Analisaremos, de partida, a razão pela qual Jonas nega às éticas tradicionais a prerrogativa de atenderem às novas demandas trazidas pela técnica. Em seguida discutiremos a relação entre o homem e a técnica. Dessa discussão se seguirá a apresentação do novo imperativo ético proposto por Jonas, cuja ferramenta principal será o temor (a “heurística do medo”). O medo, advindo do reconhecimento da limitação do saber científico na previsão das consequências incertas da ação tecnológica no mundo, será, para Jonas, o principal facilitador de uma ação responsável. Tal responsabilidade, devido às dimensões ampliadas pelo poder tecnológico, incluirá as gerações futuras, cuja existência encontra-se ameaçada pela ação humana moderna, como objeto de sua ação. O que faremos aqui será, pois, mostrar, para dizer em uma única frase, como essa nova esfera da responsabilidade humana advém dos novos poderes tecnológicos adquiridos, ou seja, mostraremos A Responsabilidade como fruto do poder tecnológico.
Palavras Chave: Ética; Hans Jonas; Principio Responsabilidade.
1. Introdução
A técnica moderna dotou o homem de um poder antes inimaginável. Os efeitos por ela causados são em larga medida desconhecidos e imprevisíveis. A incerteza das potenciais consequências da técnica, que é uma das marcas distintivas do homem contemporâneo, levou muitos filósofos a dar-lhe algum tratamento. Autores como Heidegger, bem como alguns filósofos da Escola