O principio da individualidade
Valter Pinheiro – ISCE-Odivelas
Introdução “ Ensinar a todos, como se fossem um”, foi uma filosofia de ensino levada a cabo durante décadas em Portugal. O professor, leccionava os mesmos conteúdos, com as mesmas metodologias, apesar de ter crianças diferentes. Esta forma de pensar o ensino, foi deveras devastadora, pois, em algumas situações castrou as potencialidades de uns, noutras reduziu a zero a possibilidade dos outros aprenderem. Significa que a crença de que todos podem aprender da mesma maneira, não é mais do que uma forma de o professor “fugir” à sua verdadeira responsabilidade que é “ criar situações de aprendizagem”, para que todos possam desenvolver competências, mesmo que tenham de trilhar caminhos diferentes. No Futebol Jovem, continuamos a assistir à apologia desta política de “uma equipa, uma forma de ensinar”. Durante este artigo, procuraremos de forma despretensiosa abordar este tema, procurando aclarar alguns conceitos que em, nossa opinião, continuam obscuros. Função do Treinador Certamente que quando pensamos na principal função do treinador, nos virá à memória o “ensinar”. Todavia, este termo encerra em si um manancial de funções que não se esgota na transmissão de conteúdos. De facto, ensinar está muito para além da “emissão” de conteúdos, debitados de forma muitas vezes desordenada. Em nossa opinião, ao treinador não cabe ensinar, mas somente criar “situações pedagógicas de aprendizagem”, pois ensinar implica uma relação dialéctica com o aprender. De facto, muitos são os treinadores que julgam estar a ensinar, quando de facto o que fazem é debitar conhecimento, sem que a isso corresponda aquisição de competências. Por isso, pensamos que ao treinador cabe a “hercúlea” tarefa de criar diferentes contextos de aprendizagem que possibilitem a obtenção de competências por parte de todos os seus
atletas. Esta premissa, implica assumir a responsabilidade