O Primo Basilio
Luísa é uma jovem loira, de grandes olhos castanhos, romântica, sonhadora e frágil; é casada com Jorge, engenheiro de minas, homem de bons hábitos e com algumas posses. Casaram-se meio no escuro; no entanto Luísa dera uma boa esposa, "tinha cuidados muito simpáticos nos seus arranjos; era asseada, alegre como um passarinho". A primeira cena se dá num domingo de muito calor. Estão marido e mulher na sala de jantar: ele anuncia sua próxima viagem a fim de cuidar de negócios no Alentejo; ela, displicentemente, folheia as páginas de um jornal, onde lê a notícia da chegada de seu primo Basílio a Lisboa. Basílio fora namorado da jovem e lhe prometera casamento. Mas, com a falência do pai, o rapaz viajara para o Brasil, onde acabara arranjando fortuna com a especulação da borracha. Fixara residência em Paris. Luísa recebe uma carta de Basílio rompendo o namoro e, depois de um ano de silêncio, casara-se com Jorge. Jorge parte. Alguns se passam e Luísa está enfadada; o calor é imenso e suas leituras não a consolam. Está se vestindo para ir à casa de uma amiga, a mal falada Leopoldina, quando recebe a visita do primo. Basílio não se arrepende de tê-la visitado, vendo aí uma oportunidade para um caso amoroso. Luísa por sua vez, fica embevecida com o primo, admira-lhe a nova vida, encanta-se com suas aventuras e viagens. Tudo o que ele fala serve para excitar a imaginação da moça; ouvindo-o, ela vive como em um romance. Basílio começa a visitá-la freqüentemente, dando muito o que falar à vizinhança e instigando a curiosidade e a maledicência de Juliana, a criada de dentro de casa. Por sua formação, Juliana fica à espreita, esperando uma oportunidade para despejar seu ódio não só contra a patroa, mas contra a vida que a maltratara. Dela exala revoltada amargura de viver: "servia, havia vinte anos. Como ela dizia, mudava de amos, mas não mudava de sorte. Vinte anos a dormir em cacifros, a levantar-se de madrugada, a comer os