O preço do desafio
Quem chegou a pensar, em algum momento, que a derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial representaria para a humanidade um futuro de maior tolerância e respeito constatou que nem mesmo as mazelas vividas por judeus, negros, ciganos ou homossexuais (entre outros) diminuiram as perseguições sofridas por tantos grupos humanos ao redor do mundo.
Do apartheid na África do Sul a matança indiscriminada de grupamentos indígenas nas Américas na luta por terras e riquezas minerais, das guerras no sudeste asiático entre as superpotências da Guerra Fria (menosprezando e submetendo os povos locais a seus interesses) as perseguições desferidas contra imigrantes na “civilizada” Europa, as violências continuaram acontecendo.
Muitas vezes a discriminação é, porém, silenciosa. Ela não se revela na forma de espancamentos ou prisões arbitrárias. Não ficam marcas de hematomas ou cicatrizes que possam referendar as agressões. Há outras formas, muito mais discretas, porém tão nefastas quanto aquelas promovidas por membros da Ku Klux Klan ou das tropas de elite do nazismo. Refiro-me, nesses casos, a discriminação social e econômica, que exclui sem ser ruidosa, sem causar grande impacto ou comoção...
Nós, brasileiros, conhecemos essa triste realidade a partir dos índices de desemprego ou do perfil dos presos que lotam cadeias públicas em todo o nosso país. Por dados como esses ficamos sabendo que as chances dadas à população negra ou aos nordestinos e seus descendentes não são as mesmas oferecidas à