Após análise da entrevista e das palavras sobre a passagem do tempo de Silvio Meira, chegamos à conclusão que irremediavelmente, o presente não existe. Tal afirmação será comprovada primeiro no momento em que todos leem esta segunda oração deste texto; haja vista que aquela, primeira, já tornou-se pretérito. Posteriormente, quando imaginarem as próximas orações as quais serão lidas, pois já farão referências ao futuro. É extraordinário pensar que dos três tempos em que se divide o tempo - o passado, o presente e o futuro - o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? O presente é tão incompreensível como o ponto; pois, se o imaginarem em extensão, não existe; tem-se que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro; logo, sentimos a passagem do tempo. Quando nos referimos à passagem do tempo, falamos de algo que todos nós sentimos. Caso falemos do presente, adversamente, falaremos de um conceito, e por que não, entidade abstrata. O presente não é um dado imediato da consciência humana. Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: Pare! O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro e estático; seria nulo e praticamente impossível. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo. O presente é uma falácia. O que chamamos de tempo presente é tão relativo quanto fugaz. E até mesmo um condicionamento "barato" de satisfação humana: segundo Evangelho de João, "no princípio era o verbo" e desta forma tem-se o mito da criação - a oposição entre logos (verbo - presente, passado e futuro - criador das ações) e o caos; é um exemplo. Entretanto, só existem dois tempos: o passado e o futuro. Façamos um teste. Diga “agora”, e quando terminar a palavra, ela já será passado. Pensemos em fazer algo.