“O pop não poupa ninguém”?*: a investida da globalização em áfrica.
Joseph Ki-Zerbo em uma entrevista concedida ao Professor René Holenstein, pontua algumas de suas idéias acerca dos caminhos de África, dos lugares que se pretende chegar, das mudanças que, no ponto de vista de Ki-Zerbo, são necessárias para uma “nova” África, para o despertar de uma civilização que há décadas se encontra em um sono forçado. Suas ponderações são contaminadas pela sua visão política e pelo seu passado de luta junto aos Movimentos de Libertação de África, uma posição no cenário africano de oposição. Seus argumentos sempre perpassam pela a idéia de valorização da cultura africana, percebe-se em sua fala uma exaltação das origens afros e uma acusação ferrenha as elites africanas atuais, que segundo ele fazem parte de toda a trama que empurra a Mãe África cada vez mais fundo nesse poço que se abriu na modernidade para separar o progresso do atraso. Segundo ele, o começo da autonomia derradeira de África se deu com o início da colonização européia sob os países, ditos incivilizados. Eram continentes e Estados que tiveram seus primeiros contatos com a idéia de cultura homogênea, de uma forma padrão de ser. A civilidade européia não coube em si e transbordou para os cantos do mundo. E em prol de “salvar” esses cantos da selvageria, desenvolveu-se a lógica de dominação do outro para beneficio único e exclusivo do eu. São pautadas em um discurso legitimado, são ações que encontram brechas nas sociedades africanas, em muitos casos, possibilitada pela própria elite africana, para se infiltrarem nas veias do continente. Aos pouco a contaminação se tornava devastadora. As relações que se forjam nesse momento desestabilizam antigas estruturas, antigas ordens que condiziam com a cultura, e foi imposta ao continente uma nova forma de agir e de ser, uma nova política, uma nova economia, são novos artifícios de um mundo moderno para manutenção da ordem em um continente onde as necessidades e