O poeta moderno
O romantismo, enquanto estilo, foi caracterizado como o conflito entre o eu e o mundo, o indivíduo e o Estado, proporcionando o surgimento de um individualismo em grau e profundidade nunca a antes vistos no Ocidente. O sujeito encontrase em conflito com o seu tempo e com a sua História. Os sentimentos humanos característicos desse período são, entre outros, uma extrema emotividade, o pessimismo, a melancolia e a valorização da morte. Segundo Cotelli (1993), algumas palavras que conduzem o texto romântico são: sonho, impressão, resignação, pressentimentos, obscuro e vagamente. Para Cotelli são “expressões que vão relacionando o eu com o mundo a partir de uma perspectiva afirmadora das sensações, em oposição àquilo que poderíamos chamar de ‘realidade objetiva’”. Para o sujeito romântico, pouco importam as circunstâncias mundanas, pois a indagação racionalista e o labor satisfazem apenas as necessidades imediatas do sujeito. Ao contrário do poeta romântico, o poeta moderno não acredita na poesia como uma expressão do eu. Segundo Caras (1986), “o poeta moderno se vê projetado no mundo exterior , sabendo que desse mundo poderá fazer apenas uma tradução parcial”, ou seja, o poeta deixa de lado todo o sentimentalismo exacerbado do romântico, detendose apenas aos fatos concretos e passageiros da realidade. A esse respeito, o poeta Baudelaire (1996) escreveu “a modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável”. Para o mesmo poeta, a modernidade tem a capacidade de “extrair o eterno do transitório”. O novo poeta, de público e função incertos, recupera na História algo que lhe faça sentido. Para isso, busca na linguagem fragmentada e alegórica um modo de dialogar com a tradição. Abandona, para tanto, regras e