O plano real
O Plano Real à luz da experiência mexicana e argentina
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
REFORMA MONETÁRIA E CAMBIAL de julho de 1994 foi considerada, desde o início, como um marco no processo de adaptação da política econômica brasileira ao padrão de política econômica vigente em grande parte da América Latina. Até então, o desempenho da economia brasileira, especialmente em matéria de inflação, destoava dos resultados alcançados no resto da região, inclusive na Argentina, na Bolívia, na Nicarágua e no Peru, países que como o Brasil haviam experimentado surtos hiperinflacionários na década de 80 ou no início dos anos 90.
A
A finalidade deste trabalho é analisar os primeiros dois anos do Plano Real, em especial os seus efeitos sobre as relações econômicas externas do Brasil à luz da experiência de programas de estabilização semelhantes adotados no México, a partir de 1988, e na Argentina, desde 1991. A análise concentrar-se-á, portanto, basicamente no período que vai da introdução da nova moeda, em julho de
1994, até meados de 1996.
Em maio de 1993, com a nomeação de Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda, teve início a montagem de um programa econômico que revelaria grande eficácia em matéria de combate à inflação e resultaria no alinhamento de aspectos centrais da política econômica do país ao modelo de estabilização e integração internacional que vinha sendo aplicado em outros países da América Latina, particularmente no México e na Argentina. A economia brasileira repetiria a trajetória mexicana e argentina em alguns pontos importantes, combinando sucesso inicial no combate à inflação com elevados déficits externos e forte dependência de fluxos voláteis de capital internacional.
Evidentemente, cada experiência nacional apresenta as suas especificidades.
Não é difícil apontar diferenças significativas entre o Plano Real, o Plano Cavallo e o programa mexicano. Por exemplo: o Plano Real é claramente mais flexível