O Percurso de Atenas dos Primórdios da Democracia até à Guerra do Peloponeso
Atenas no caminho para a Democracia
«Eu digo que não só a nossa cidade serve de exemplo a toda a Hélade mas também, na minha opinião, cada um de nós, Atenienses, como indivíduo, na maioria dos casos, é exemplo do cidadão que cuida de si próprio com brandura e habilidade.»1
Segundo a lenda, Atenas foi fundada pela junção de várias aldeias da Ática2 pelo herói lendário Teseu, este escolhido para fundador pois «exprimia um sentimento ateniense de superioridade em virtude da sua pretensa “missão civilizadora”».3 «Durante mais de três séculos, Atenas, primeiramente pequeno e simples burgo, torna-se a “escola da Grécia”,4 torna-se a “Hélada da Hélada”».5
No século VII a. C. deu-se a «primeira forma limitada de governo»6 com as exigências feitas por agricultores prósperos à elite oligárquica que não teve outra escolha se não ceder aceitando os hoplitas na milícia dos cidadãos. O rápido crescimento e o sentimento de igualdade destas populações fez com que em 632 a.C. derrotassem Cílon (genro do tirano de Mégara do Sul) na sua tentativa de instaurar uma tirania em Atenas, tendência do século VII a.C. Surge então Drácon que foi encarregue de conceber um conjunto de leis que «promovessem a estabilidade e a equidade»7 mas que no entanto foram demasiado severas o que levou a uma instabilidade ainda maior. Foi também no século VII que surgiu a ecclesia, o órgão por excelência, uma assembleia a que todos os cidadãos atenienses podiam assistir e que elegia 9 magistrados (arcontes) por ano que acabavam por pertencer à elite.
«Vinte e cinco anos mais tarde depois da legislação de Drácon, a situação tinha-se tornado tão grave que uma guerra civil ameaçava desencadear-se.»8 Foi então que no ano de 594 a.C. Sólon é nomeado como arconte e faz uma revisão às leis que diziam respeito à crise tentando satisfazer tanto os ricos que queriam manter o seu património como os pobres que queriam mais direitos e