O pequeno princípe
Segundo Freud, as forças mentais relativas ao princípio do prazer manifestam-se, principalmente, relegadas para o inconsciente e operando através dele. O consciente é, por sua vez, regido quase somente pelo princípio da realidade. Nesta cisão, o homem é afastado de seus anseios e acaba vivendo em contato não com o objeto que deseja e busca, mas com um mero reflexo incapaz de causar satisfação. Desta forma, o princípio de realidade não contém tantos aspectos que possam ser chamados de reais.
Para tentar reunir estes dois mundos, o do princípio do prazer com o da realidade, a criança utiliza a brincadeira. Ela cria um mundo seu, no qual os erros do mundo presente são corrigidos e ela, no meio desta brincadeira, tenta suprir as necessidades que lhe são negadas de satisfação na vida diária.
Com o passar do tempo, o principio da realidade acaba se impondo e o adulto perde quase por completo o contato com o mundo da fantasia. O artista é, então, aquele que ainda possui um pouco do espírito da criança e é capaz de se retirar para o mundo da fantasia no momento de sua criação.
Arte é assim uma expressão de revolta contra a repressão brutal que impede a felicidade. A obra de arte exprime a dor de não podermos ter simplesmente e imediatamente o nosso objeto de desejo, e acaba servindo como um protesto a favor da liberdade, da possibilidade de se viver por inteiro e conquistar a felicidade.
As pessoas grandes não entendem nada ou sobre a gênese da burrice
Dois brilhantes teóricos, Theodor Adorno e Max Horkheimer, utilizam em seu texto “Sobre a gênese da burrice” a antena do caracol como um símbolo da inteligência. Essa antena é responsável pela “visão tateante do caracol e, segundo o personagem Mefistófeles em Fausto, é, através dela, capaz de cheirar”. Adorno e Horkheimer utilizam como símbolo da inteligência um órgão responsável pela sensibilidade.
Sensibilidade é o instrumento que Antoine de Saint-Exupéry utiliza ao