O país do carnaval
Jorge Amado mostrou em sua obra um Brasil único e todo especial, representando a realidade de maneira que pensamos ser o país a que ele se refere outro que não o nosso. O país do Carnaval foi o primeiro romance a ser escrito por Jorge, quando tinha apenas 19 anos, o que surpreende, dado o teor crítico da obra. É uma obra que reflete o momento de Jorge, do Brasil e da própria literatura brasileira; Visualizamos no protagonista muito do autor, como sua vontade obstinada de inovar e a inquietação interior evidente, traços da juventude compartilhados por Paulo Rigger e Jorge Amado.
Paulo Rigger, o protagonista, é um brasileiro que foi estudar na França e retorna ao país que não sente ser sua pátria, acompanhado de sua amante francesa que acaba por traí-lo com trabalhador negro. Retornando a Salvador, encontra-se com amigos que compartilham com ele as mesmas indagações sobre a vida, e com os quais trava discussões sobre política, religião e filosofia - tal grupo foi colocado na obra por infuência da Academia dos Rebeldes, grupo literário do qual Jorge Amado era membro, mostrando mais uma vez a ligação entre o autor e o protagonista.
Ao tempo em que Paulo se dedicou a tal boemia literária, ficou noivo de uma jovem de origem simplória, e a abandonou quando soube que ela não era mais virgem.
Tais fatos coincidiram com a grande movimentação política, social e cultural da Revolução de 30, fato que dissolveu o círculo de amigos, desencantando Paulo Rigger de vez sobre o país. Assim, o protagonista embarca em um navio no Rio de Janeiro com destino à Europa, deixando o país em pleno Carnaval.
O país do Carnaval foi considerado subserviso e chegou a ser queimado em Praça Pública na cidade de Salvador. Aborda temas como preconceito e questões éticas, bem como tratar do que acontecia no país na época em que foi escrito.