O patrimônio cultural edificado e sua gestão
A preservação e conservação do patrimônio histórico na cidade moderna
Patricia Trentin
Vitruvius 012.05ano 06, ago 2005
No conjunto de bens culturais produzidos pela humanidade, a arquitetura constitui um testemunho excepcional na formação da memória histórica dos povos e, na formação da identidade. Ela é um testemunho sedimentado e acumulado dos modos de vida do homem, não só daqueles que a conceberam na origem, mas também dos que ali viveram através dos tempos e lhe conferiram novos usos e significados. A arquitetura é carregada de sentimentos de gerações, acontecimentos públicos, tragédias, fatos novos e antigos. Algumas obras arquitetônicas alcançam o valor de monumentos, seja por seu valor intrínseco ou por sua situação histórica (1). Preservá-las e incorporá-las na vida da cidade, no plano urbanístico, é um desafio para os gestores do urbanismo nas cidades.
O monumento histórico foi preservado durante três séculos sob a forma de ilustrações em livros. Só no século XVIII com o advento da Revolução Francesa e da Revolução Industrial é que começou a se pensar na preservação do patrimônio histórico in situ (2).
No Brasil surgiram algumas iniciativas pontuais visando à preservação desde o século XVIII, mas concretamente isso só começa a ocorrer no ano de 1936 (3). A partir daí o país vem desenvolvendo uma política específica para a identificação e preservação dos bens culturais. Para protegê-los foram criadas instituições a nível federal, como o Instituto de defesa do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, e outros, a nível estadual e municipal. Através dessas instituições tem-se a criação de leis de proteção e a implantação do tombamento, além no desenvolvimento de inúmeros projetos para a salvaguarda do patrimônio.
Apesar da grande evolução da noção do patrimônio e de como tratá-lo, até a década de 1960 a política de proteção continua direcionada apenas a grandes edifícios históricos e civis. No