O obsessivo e seus objetos de amor
Joel D’Or
As estruturas clínicas
No espaço de investimentos dos objetos de amor, o obsessivo freqüentemente dá o melhor de si mesmo, isto é, paradoxalmente tudo e absolutamente nada. “Tudo”, no sentido que ele pode tudo sacrificar; “nada”, na medida em que não aceita perder. Não se trata aí de duas disposições incompatíveis. Muito ao contrário, é nesta medida que se estabiliza qualquer estratégia desejante do obsessivo.
De fato, esta estratégia gira essencialmente em torno da questão do gozo do outro, diante do que convém tudo controlar, isto é, neutralizar todos os sinais exteriores. Da mesma forma, para que nada saia do lugar, nada deve gozar, o desejo deve estar morto.
Nestas condições, já que o obsessivo não dá nada, ele não perde nada. Em contrapartida, ao menor sinal exterior de gozo observado no outro, ele está pronto a tudo sacrificar e a tudo dar para que as coisas voltem a seu estado inicial.
Se a problemática da perda é tão central na lógica obsessiva, é porque remete diretamente à falta. Nada perder, ou seja, evitar ser confrontado com a questão da falta, consiste então em neutralizar o desejo de uma certa maneira, já que este é precisamente constituído e continuamente relançado pela falta como tal. De maneira que o desejo, assim amordaçado, não é mais legislável pela articulação da menor demanda.
Compreende-se porque, em nome de um tal dispositivo de neutralização, o objeto desejado é investido de uma maneira singular.
Ele está hipotecado, até mesmo consignado, em uma posição tal que ocupa preferencialmente o lugar do morto. O obsessivo não cessa de instalar seu objeto de investimento amoroso neste lugar magnífico onde, para ser amável e ser amado, o objeto deve se fazer de morto. A máquina desejante do obsessivo só gira a todo vapor nesta condição. Condição única que permite a seu desejo não encontrar nenhuma inquietação. Se o outro está “morto”, ele não deseja; o obsessivo fica assim