O NOVO PARADIGMA DO EMPREGO
O NOVO PARADIGMA DO EMPREGO
O NOVO PARADIGMA DO EMPREGO
GILBERTO DUPAS
Professor da Fundação Dom Cabral. Foi Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento e Presidente da Caixa Econômica (governo
Montoro). É autor dos livros Crise econômica e transição democrática e A Alca e os interesses do Mercosul, entre outros.
A
Uma importante mudança no paradigma do emprego está em curso na economia mundial. A tendência de flexibilizar o emprego formal é mundial e tem a ver com a difusão da tecnologia da informação na indústria e nos serviços e conseqüente radicalização da automação, que gerou amplos mercados de reserva de mão-de-obra disponíveis para trabalhar em condições mais precárias. Essa nova descartabilidade da mão-de-obra, transformando emprego (com suas proteções e direitos) em trabalho temporário, introduz conseqüências psicossociais muito profundas. Há vários sintomas de que a sociedade começa a reagir com perplexidade e medo. Recente pesquisa BWeek/
Harris, nos EUA, revelou que 78% dos cidadãos acham que a segurança no emprego acabou e que 67% dizem que o sonho americano está ficando fora de alcance.
Os cidadãos deste século identificavam no emprego formal sua condição de inserção na sociedade. Quanto mais protegido e estável, melhor. Não é à toa que as mães de filhas casadouras de nossa geração cobiçavam os gerentes do Banco do Brasil. Em poucas décadas, a realidade mudou radicalmente. Como se sabe, cerca de 60% do trabalho gerado no Brasil de hoje (exceto governo) não inclui carteira assinada. A nova maioria são os trabalhadores informais e os autônomos que, submetidos a um novo desafio, dependem quase exclusivamente de si mesmos para gerar renda em trabalhos mais precários, sem as habituais proteções que o emprego formal garantia.
Quando podem, pagam seus planos privados de saúde ou aposentadoria; quando não podem, olham para o Estado em busca de uma proteção que não mais existe. Alimentam-se por conta própria e trabalham, muitas vezes, em