O novo motor da economia
Há um movimento discreto, porém contínuo, que aos poucos começa a mudar a cara do Brasil. É o surgimento de uma nova classe média brasileira. Donas de um apetite voraz pelo consumo, cerca de oito milhões de pessoas saíram da marginalidade da economia para aproveitar as benesses do aumento de renda e do acesso ao crédito fácil. E o momento é ideal. De 2005 a 2006, o rendimento dos 10% mais pobres subiu 57,4%, o crédito passou de 21% do PIB para 32% e a Selic, que fechou 2005 em 18%, hoje está em 11,25%. Com a confiança em alta e uma renda maior, a nova classe média vai às compras. Francisca das Chagas de Oliveira que o diga.
De 2003 a 2006, o número de brasileiros abaixo da linha de pobreza caiu de 35% para 19%. “O ano de 2006 foi o melhor da série histórica da nova Pnad, com queda de 15% da miséria”, afirmou à DINHEIRO o economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Uma parte dessa melhora foi obtida graças ao ganho real de 13,3% do salário mínimo, que fortaleceu as camadas mais baixas. Outro bom termômetro vem da indústria da construção civil, que, neste ano, dobrará de tamanho para atender a demanda. A estimativa é de construção de 200 mil unidades habitacionais em 2007. Quartos na planta, por R$ 79 mil, em um financiamento de 20 anos. Os dois juntos ganham R$ 3,5 mil por mês e já começam a comprar o acabamento e alguns móveis para a nova casa.
Em 2004 percebemos que a pirâmide começou a mudar, ganhando volume na camada intermediária, por isso viemos para o bairro oferecendo amplo financiamento”. O resultado é crescimento de 35% nos últimos dois anos. O uso do crédito para aumentar o patrimônio é um fenômeno típico dessa nova classe emergente que, por isso, às vezes se submete a pagar