O negro e o índio na história do brasil
O Brasil foi “descoberto” pelos portugueses, que por sua vez foram os responsáveis pelo grande “progresso” vivenciado pelo país nos séculos seguintes. Os índios eram “preguiçosos” e por isso não queriam trabalhar, sendo assim foi preciso buscar escravos na África que por sua vez eram “passivos” e aceitaram mais facilmente serem escravizados. E assim, a história do Brasil costuma ser contada, cheia de preconceitos e julgamentos etnocêntricos a respeito dos povos indígenas e de origem africana.
Sob que lógica podemos sustentar a visão de que a nossa cultura é superior a indígena, se a nossa forma de organizar a sociedade é geradora de problemas sociais em escala muito maior que a dos índios? Porque achamos que os indígenas deveriam obedecer e trabalhar para o homem branco, se o fruto de seu trabalho seria retirado de suas mãos? Porque dizemos que o Brasil foi descoberto pelos portugueses, se antes da chegada deles já havia habitantes que reproduziam suas vidas e sua cultura? Como negar o legado de lutas dos quilombolas e o símbolo de resistência construído por Zumbi dos Palmares e seus aliados? Um povo que mesmo estando em uma terra totalmente desconhecida se negou a aceitar a submissão ao interesse dos europeus escravistas.
Vale aquela máxima que diz que no fim de uma guerra, o ponto de vista do vencedor é sempre o que prevalece. No Brasil, esse vencedor é o escravista branco, que ainda hoje sustenta na desigualdade social a herança de anos de extermínio e exploração dos povos indígenas e negros. Nunca existiu entre esses povos uma coexistência pacífica, na qual as três raças se protocooperaram a fim de construir um progresso comum. Isso porque esse progresso comum nunca existiu. Ainda hoje os negros ocupam as periferias das zonas urbanas, são os principais alvos da violência policial e do preconceito social. As religiões, a dança, a forma de se vestir, e