o negro nas letras de musicas
A nossa gente se misturou
A nossa gente se misturou
Quando os brancos
Encontraram com os negros pela primeira vez
Pensaram que estavam encontrando
Com uma nova raça de macacos
E os negros pensaram que os brancos
Eram fantasmas
De repente tu invadiu o meu quintal
Eu pensei que era fantasma
Tu pensou que eu era animal
De repente tu invadiu o meu quintal
Bateu em mim, acorrentou a minha gente
E levou pra longe
E como exemplo de homem feio tu me colocou
Mas esqueceu que a cor da pele
Nunca foi barreira pra segurar paixão
Nunca foi barreira pra conter o amor
Calor que vem com calafrios
De repente nossa gente se misturou
Dividindo a mesma cama
Permitindo-se encantos
Compartilhando os riscos
Irmão Lázaro
A primeira estrofe da música faz referência ao primeiro contato que ocorreu entre brancos e os negros, destacando o estranhamento que houve entre eles. Nesse trecho já é possível retomar elementos do interdiscurso sobre os negros: considerados macacos pelos brancos, como mostra a música, foram assemelhados a animais, considerados feios, estranhos e primitivos. Discursos que colocam o negro como macaco, ressaltando sua condição primitiva são encontrados circulando em diversos gêneros, e a música é um deles. A partir disso, nota-se que há uma menção a representação discursiva de que os negros não pertencem à mesma espécie dos brancos. Esse discurso se faz possível, a partir da associação que se faz entre a cor da pele negra com os pelos dos macacos e entre o modo de vida dos negros e desses animais.
A formação ideológica de que existem raças inferiores que devem ser submetidas às superiores pode ser recuperada a partir da letra da música. É a partir dela que a formação discursiva de que o branco é a raça superior, uma vez que os negros são comparados a macacos, ou seja, a animais primitivos, se destaca.
Como se sabe, os negros foram introduzidos na sociedade