O Navegar entre a poesia e o rock
Resumo
Este trabalho vem trazer à tona como duas músicas, uma da década de oitenta e outra da década de noventa, teriam contribuído para o imaginário acerca do navegar: “A ferro e fogo”, da banda Camisa de Vênus; e “O beijo e a reza”, do Skank. Nelas encontrar-se-ão referências imagéticas e temáticas às obras “Os lusíadas”, de Luís de Camões, e “Mensagem”, poesia muito significativa para esse imaginário. No contexto da década de oitenta, a música “A ferro e fogo”, vai fazer críticas às visões de mundo que compunham aquela sociedade: a religiosidade católica e o idealismo político; enquanto o Skank faz eco a um fazer musical que se apropria de aspectos culturais populares compartilhados entre público e a banda, a fim de angariar sucesso e realização profissional como músicos. Dessa forma, podemos perceber a singular forma com que o imaginário do navegar é retomado e atualizado em duas diferentes décadas da história do Brasil.
1. O Navegar e as representações na música.
Eis que Fernando Pessoa escreve: “Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:/ "Navegar é preciso; viver não é preciso"”1. Navegar aqui não é apenas um fato corriqueiro, mas um grande feito, um ato heróico. Esse verso de Fernando Pessoa, mencionado acima foi citado por Caetano Veloso numa de suas canções que abordam o navegar: “Os Argonautas”. Cabe mencionar que vários outros músicos brasileiros falavam, e ainda falam, a seu modo e inseridos em seu tempo, de um navegar, dando-lhe diferentes sentidos tanto em suas letras, quanto em suas melodias, o que nos chama a atenção para a possibilidade de também nos atentarmos para os instrumentos e as vozes como