O nascimento de uma sociedade política - Concepção de Rousseau sobre o contrato social
Talyta de Lima Chaves
Com a evolução espiritual dos homens, surgiu a primeira forma de associação: a família, que foi se sedentarizando e estabelecendo residência, é aí onde começa a surgir a propriedade privada.
Depois de formadas as famílias, estas, se agrupam em comunidades um pouco maiores e percebem que para suprir às necessidades de todos, é preciso que os mesmos se ajudem mutuamente.
Enquanto os homens se dedicavam a trabalhos que poderiam realizar sozinhos e trocavam entre si o fruto desses trabalhos num comércio independente, viviam livres e felizes, mas a partir do momento em que precisou da ajuda de outros para realizar determinadas tarefas, segundo Rousseau, “desapareceu a igualdade, a propriedade se introduziu, o trabalho se tornou necessário e uns passaram a dominar outros”, fazendo com que a escravidão e a miséria crescessem.
Quando nasce a relação entre senhor e escravo, a estratificação ocorrente na sociedade fica ainda mais visível, porém não é por ser abastado que um homem é autossuficiente. Acostumado com a situação de apenas mandar e outros obedecerem e fazerem por ele todos os serviços braçais, o senhor passa a depender de seus servos tanto quanto estes dependem dele.
A grande questão da desigualdade encontra-se na propriedade privada.
Rousseau diz:
“... quando as herdades cresceram em número e em extensão,..., uns só puderam prosperar às custas dos outros, e os supranumerários que a fraqueza ou a indolência, por sua vez, haviam impedido de as adquirir tornaram-se pobres sem haver nada perdido, porque, tudo mudando à sua volta, somente eles não mudaram e foram obrigados a receber ou a roubar sua subsistência da mão dos ricos; daí começaram a nascer, segundo as diversas características de uns e de outros, a dominação e a servidão, ou a violência e os roubos.”
Vendo o estado deplorável em que se encontravam os homens, Rousseau sente a necessidade de se por um limite a isso.