O nascimento de uma democracia oriental
Os acontecimentos da Primavera Árabe repuseram em voga um assunto que parecia adormecido desde a Revolução Islâmica no Irã, ocorrida em 1979: o conflito ideológico entre o mundo ocidental e o oriental, que se baseia na diferença entre os preceitos de cada um a respeito de ordem e de liberdade. A visão do Ocidente acerca do Islã assume um caráter homogêneo, pautada no fundamentalismo, no terrorismo e na violência latente. Já os orientais veem o outro lado do mundo como um caos sem fim. A sucessão de quedas de regimes ditatoriais em países muçulmanos levanta o questionamento: é possível a convivência entre o Islão e a democracia, um regime de governo eminentemente ocidental?
Para o jornalista e professor de Harvard FareedZakana, “A principal barreira para a democracia não é o Islamismo ou a cultura árabe. É o petróleo.” Os Estados Unidos apoiam governos ditatoriais e impedem o desenvolvimento da região no intuito de controlar o petróleo do Oriente Médio. Entretanto, o povo árabe clama pelo fim da corrupção e por um governo responsável perante a população. E tem conseguido avanços. O caminho até a democracia é árduo e longo, mas esta teria de se adequar aos moldes dos costumes orientais para que desse certo. A visão eurocêntrica, megalomaníaca, excludente e amplamente difundida pelo mundo, desconsidera os aspectos que diferenciam os Árabes entre si. Dessa ótica, a Idade Antiga era composta pelo Império Romano – berço da civilização ocidental – e pelos Bárbaros, denominação que engloba vários povos distintos, porém a História os coloca apenas como “não-romanos”. De forma análoga, os árabes seriam hoje o que eram os bárbaros no passado.
Os países desenvolvidos do Ocidente, donos dos meios de comunicação de massa, vêm sustentando um discurso ideológico para legitimar o domínio econômico sobre a outra região, tida como exótica, arcaica e perigosa.O fato é que apenas uma minoria apresenta ideologias radicais e dissemina a