o nascimento da clínica - cap. VI - signos e casoso

O domínio clínico requer que o médico seja capaz de conhecer todas as doenças em suas diversificadas matizes e reconhecer rapidamente todos os sintomas variáveis (além de todo quadro sintomático comum) de qualquer doença.
Mas não basta apenas conhecer, o médico deve ser capaz de levar cura e conforto, mas de maneira paternal, não deve agir soberbamente como detentor do conhecimento de cura.
A clínica e a história natural têm papel ocular. Devem ser capazes de, através do olhar, reconhecer e agrupar os seres vivos de acordo com suas características semelhantes e também a partir de suas diferenças.
Ainda no século XIX o modelo naturalista continua vigorando, mas o olhar médico se renova. Agora ele é apoiado e tem poder de decisão, deve estar atento a tudo que é desviante e não se dá por satisfeito com aquilo que é visível, mas busca também o oculto.
A mudança ocorrida no final do século XVIII não se deu isoladamente, englobou todo o olhar sobre a doença, sem que houvesse a separação entre teoria e prática. Nesse período a doença é composta por sintomas e signos. Aquele representa tudo o que é visível, o que permite designar o estado patológico e permite à doença ser vista.
Já o signo mostra o oculto, aquilo que está por vir – cura ou morte. O sintoma é um fenômeno natural da doença, através dele se faz a separação saúde – doença. O signo é a manifestação daquilo que ele significa, desde que haja signos há uma representação.
A formação médica na clínica deve estar atrelada ao olhar médico no campo dos signos e sintomas. Desaparece a divisão entre essência da doença, seus sintomas e signos. Olhar clínico e reflexão filosófica agora convergem e se unem numa superposição.
Na época de Laplace, descobre-se que a incerteza que envolve a medicina é, na verdade, um conjunto de certezas isoladas, a partir daí, o que era inviável no campo de analise matemática se torna propicia ao cálculo. Fatos isolados passaram a integrar um conjunto, cada elemento era registrado e,