ndo, daqui a vinte anos, os historiadores se debruçarem sobre a história do mundo e chegarem ao capítulo “ano 2000 a março de 2004”, que fatos destacarão como os mais importantes? Os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001 e a Guerra do Iraque? Ou a convergência de tecnologia e determinados acontecimentos que permitiram à Índia, China e tantos outros países ingressarem na cadeia global de fornecimento de serviços e produtos, deflagrando uma explosão de riqueza nas classes médias dos dois maiores países do mundo, e convertendo-os, assim, em grandes interessados no sucesso da globalização? Será que, em decorrência desse “achatamento” do globo, que faz com que tenhamos de correr mais para continuarmos no mesmo lugar, o mundo ficou pequeno e rápido demais para os seres humanos e seus sistemas políticos se adaptarem de maneira estável? Segundo Thomas Friedman, autor do best-seller “O mundo é Plano”, a globalização atravessou três grandes eras. A primeira delas se estendeu de 1492 – quando Cristóvão Colombo embarcou, inaugurando o comércio entre o Velho e o Novo Mundo – até por volta de 1800. Essa etapa poderia ser denominada de Etapa de Globalização 1.0, que reduziu o tamanho do mundo de grande para médio e envolveu basicamente países e esforços individuais. Isto é, o principal agente da mudança, a força dinâmica por trás do processo de integração global, era a potência muscular (a quantidade de força física, a quantidade de cavalos-vapor, a quantidade de ventos) que o país possuía e a criatividade com que a empregava. A segunda grande era, a Globalização 2.0, durou mais ou menos de 1800 a 2000, e diminuiu o mundo do tamanho médio para o pequeno. O principal agente da mudança, a força dinâmica que moveu a integração global, foram as empresas multinacionais que se expandiram em busca de mercados e mão-de-obra. Na primeira metade dessa era, a integração global foi alimentada pela queda dos custos de transporte (graças ao motor a