O mundo da fisica
DE 8a SÉRIE
Altair L. Cunha
Escola de 1o e 2o graus "João Bley"
Castelo ES
Helena Caldas
Departamento de Física UFES
Vitória ES
Resumo
Este trabalho procura colocar em evidência elementos que subsidiem os professores de física, especialmente aqueles do ensino secundário, a apresentar e a definir o sentido das forças de atrito estático e cinético de forma a promover a evolução conceitual nos modos de raciocínio dos seus alunos sobre este fenômeno.
Através de uma análise de conteúdo dos livros de ciências da 8a série indicados pelo MEC (Guia do livro didático 1999), quanto ao sentido atribuído às forças de atrito sólido seco (atrito entre sólidos em contato e sem adição de fluido), mostra-se, a partir das concepções de senso comum apresentadas pelos alunos sobre este fenômeno, que a abordagem deste conteúdo específico nos livros analisados não contribui para que o modelo do aluno seja colocado em questão ou, até mesmo, contribui para reforçá-lo.
I. Introdução
Pesquisas sobre concepções de senso comum e modos de raciocínio abordando o fenômeno do atrito sólido seco, desenvolvidas com populações de diferentes países (Brasil, Espanha, França, Itália e Portugal) e de diferentes níveis de escolaridade, desde estudantes do ensino secundário e superior a professores do 2o grau
(Caldas H., 1994; Caldas H. & Saltiel E., 1995 e 1999a), mostraram que, para a grande maioria da população interrogada, as forças de atrito cinético e estático são definidas como sendo forças que sempre se opõem ao movimento (caso do atrito cinético) ou à tendência do movimento (caso do atrito estático), movimento este que nunca leva em conta o movimento relativo de deslizamento das superfícies em contato (caso do atrito
Cad.Cat.Ens.Fís., v. 17, n. 1: p. 7-21, abr. 2000.
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cinético), ou o eventual, ou possível movimento relativo de deslizamento dessas superfícies, que se produziria na ausência de atrito (caso do